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Marxismo cultural

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Mensagem por andrebisinoto Qua 23 Mar - 22:55

Paz e Bem!

Quando os marxistas viram que eles não conseguiam fazer as revoluções socialistas no Ocidente, eles concluíram que o que atrapalhava a revolução era a mentalidade cristã do povo, a cultura cristã.
Então, decidiram primeiro minar a cultura cristã antes de instalar o regime socialista.

Vc acreditou nisso?

É uma ideia muito absurda?

Dá uma conferida em

http://padrepauloricardo.org/audio/marxismo-cultural/

http://padrepauloricardo.org/audio/revolucao-sexual-e-marxismo/
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Mensagem por Renan Qui 24 Mar - 21:57

André, ainda não tive tempo de ouvir os audios, mas prometo que vou ouvir para debatermos aqui. E que gere muito fruto em nós.

Abraços...
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Mensagem por pedrogontijo Ter 29 Mar - 18:12

Não apenas a mentalidade cristã, mas a mentalidade hegemônica como um todo. Explico o que é hegemonia daqui a pouco =)

Para entender o que é marxismo cultural, é preciso entender antes alguns conceitos fundamentais do marxismo, como materialismo histórico, infraestrutura e superestrutura.

Explicando bem breve e didaticamente: o marxista concebe a sociedade composta de classes que entram em conflito por diversos motivos, mas principalmente uso das forças produtivas. O materialismo histórico é, numa palavra, a tese de que a história das sociedades toma rumos dialéticos (de constante mudança advinda das contradições) pautados pelas forças produtivas. Marx defendia que as forças produtivas usadas numa sociedade definiam as relações entre as pessoas. Essas relações, basicamente econômicas, são a infraestrutura da sociedade.

A partir dessa infraestrutura, a sociedade organiza-se em leis, tradições, normas, culturas, religiões, instituições, Estado. Tudo isso junto forma a superestrutura, a parte "visível" das relações formais e de poder de uma sociedade.

Os comunistas da época de Marx acreditavam que era preciso uma revolução (literal) para mudar a superestrutura à força -- tomar o poder -- e depois mudar a infraestrutura também à força -- modificando a propriedade dos meios de produção -- e assim chegar ao socialismo e ao comunismo. Muitos anos se passaram e várias correntes marxistas sugeriram e fizeram coisas diferentes, inclusive tentando chegar ao poder pelo voto e não pela revolução. Os países europeus, com o tempo, incorporaram algumas políticas de amparo ao trabalhador/proletário, ou por influência de marxistas já no poder, ou para evitar que eles chegassem lá.

Enfim, muita coisa mudou entre 1840 (época de Marx) e 1940 (época que Gramsci passou a ser mais conhecido). A democracia no século XIX favorecia muito os burgueses, criminalizando greves e negando direitos trabalhistas. Depois da Segunda Guerra Mundial, as democracias européias mudaram bastante nesse sentido. Davam bastante amparo ao trabalhador e focava o bem-estar social, eram chamadas sociais-democracias. A situação era outra, não dava muita brecha para a tomada do poder por meio da revolução, pois o conflito social não era tão escancarado quanto no séc. XIX.

Gramsci percebeu isso e propôs outra abordagem. Se é para mudar a superestrutura e a revolução já não é mais uma idéia tão atraente, então mudemos a superestrutura por dentro. Se a cultura, a educação, as leis, as instituições e os costumes são burgueses, que se mude tudo isso -- principalmente por meio da educação. A educação teria dois objetivos: aprimorar a cultura das classes dominadas, trazendo-lhes conhecimento e crítica; e trazer esse conhecimento crítico às instituições da sociedade civil (igrejas, escolas, sindicatos, espaços públicos) para que, aos poucos, se mude a forma de pensar na superestrutura (descrita por Gramsci como "hegemonia" e "senso comum"). Mais tarde, essa "estratégia" foi chamada genericamente de marxismo cultural.

E o que isso tem a ver com a Igreja? Bom, antes, para Marx, instituições como a Igreja e a escola eram simples instrumentos da burguesia para reproduzir a forma de pensar burguesa ("hegemonia") e manter o proletariado no seu lugar submisso. Gramsci pensou diferente. Ele viu nessas instituições -- que ele agrupou no que chama de "sociedade civil" -- uma oportunidade para mudar a hegemonia. A ideia é substituir o pensamento hegemônico de manutenção das relações de poder pelo pensamento de "auto-crítica", "autoconhecimento", reconhecimento do seu valor histórico e social, de "cidadania". Segundo ele mesmo, era preciso "primeiro conquistar as mentes, depois o poder". Uma vez que o dominante pensa como o dominado, é muito mais fácil inverter as relações de poder...

Para Gramsci, religião e senso-comum são ideias superticiosas, tradicionais, desconectadas umas das outras, que nada fazem além de evitar que o indivíduo pense por si. A sociedade civil deveria livrar-se dessas ideias, para promover a "cidadania", uma nova mentalidade ligada às classes dominadas.

Resumindo bastante, é isso =)

O que eu acho disso tudo: Gramsci teve ideias que soam muito bonitas hoje: ensinar ensinar cidadania, humanismo, valor histórico e social, conscientização, etc. E parece que a estratégia dele funcionou. Todos dizem isso nas nossas escolas, universidades, ONGs, até nas igrejas. Todos os termos parecem muito naturais, mas todos são, na verdade, termos gramscianos. Foram inseridos tão profundamente na nossa sociedade hoje que é até estranho dizer algo contra eles.

Mas a "cidadania", o "humanismo" gramscianos são politizados, ideologizados. São o contrário do que dizem ser: prometem acabar com ideologias dominantes, mas eles mesmos são parte de uma ideologia que pretende ser dominante. Em outras palavras: são uma enganação.

E uma enganção esvaziada da verdadeira conscientização: a da dignidade humana, como o cristianismo a entende. Ela não pretende ser verdadeiramente caridosa, mas "pausterizada", artificial e forçosamente igualitária, às vezes contrária ao direito natural e tratando a espiritualidade como um mal, uma supertição, uma alienação. Isso é, no mínimo, ignorar dois milênios de conhecimento humano e teológico. Tudo em nome de "um outro mundo possível", totalmente político, mesquinhamente econômico, incapaz de conhecer a caridade além das relações sociais.

É isso. Ufa. =)
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Mensagem por Renan Qua 30 Mar - 10:22

Primeiramente, parabéns Pedro, texto muito bom e lúcido, digno de nota. Vou a me ater mais em como isso mudaria os cristãos, ou algo assim.

andrebisinoto escreveu:Paz e Bem!

Quando os marxistas viram que eles não conseguiam fazer as revoluções socialistas no Ocidente, eles concluíram que o que atrapalhava a revolução era a mentalidade cristã do povo, a cultura cristã.
Então, decidiram primeiro minar a cultura cristã antes de instalar o regime socialista.

Vc acreditou nisso?

É uma ideia muito absurda?

A idéia era essa mesmo, porém os próprios socialistas se perderam no meio do caminho. Hoje vivemos à sombra de uma tentativa de implantar o socialismo com a destruição da moral cristã. Porém, a sociedade capitalista se aproveitou de uma iniciativa socialista, e percebeu que vender depravações e todo o resto das tentativas de minar a nossa moral, era muito lucrativo ao próprio capitalismo. Os pensadores e as revoluções ficaram no meio do caminho, enquanto o dinheiro continua imperando na vida de quase todo mundo. Ou seja, o tal "marxismo cultural" foi um grande tiro no pé (senão na cabeça) do próprio socialismo.


Dá uma conferida em

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http://padrepauloricardo.org/audio/revolucao-sexual-e-marxismo/

A primeira palestra é boa, mas muito prolixa e de pouca produtividade espiritual. Alguém sabe em que contexto ele deu essa palestra? O começo é muito bom, mas são muito exageradas as citações à vida dos autores e das pessoas que ele quer comentar. Quando falamos de Marx (por exemplo), estamos falando quase que na totalidade da obra dele, ou seja, daquilo que ele contribuiu historicamente. Comentários muito desnecessários sobre a vida pessoal de algumas pessoas.

Segunda palestra muito boa.
Porém, nas duas há uma vontade de ser reacionário. Reagir contra aquilo que o mundo nos impõe é um pouco diferente de ser reacionário. Conservar a moral cristã e resgatar os valores do Evangelho, não é fazer uma luta social, filosófica ou política; é, na verdade, tomar a cruz a cada dia, ser fiel no pouco, e multiplicar os talentos que o Senhor nos dá. Não precisamos de cristãos revoltados, reacionários, radicais... precisamos de católicos fiéis. Como o próprio padre cita, o grande exemplo de luta contra a subversão dos valores cristãos, é o papa Bento XVI, que não faz discursos inflamados (sou pouco douto para dizer, mas nunca vi) acusando Deus e o mundo; mas que é um fiel servo da vinha do Senhor. Que o mundo nos chame de conservadores, mas que entre nós não seja assim, quem quiser ser o primeiro que seja o último. Vide o exemplo de são Francisco, fiel em tudo ao Evangelho de Cristo.

O tema é complexo, mas taxar de marxismo cultural a sociedade que vivemos hoje, não abrange toda a extensão do problema. Temos uma sociedade que é reflexo da luta do marxismo, do capitalismo, do movimento hippie...? Sim, mas não só. O homem olha para todos os problemas a sua volta, que influenciam o seu interior, o seu jeito de viver, mas é o que sai do interior do homem que o macula e o faz regredir nos caminhos de Deus.

Podia escrever bem mais sobre isso, mas vou esperar as réplicas, até para não me perder no que estou escrevendo.

Obs.: Os católicos já conhecem mal a sua própria Igreja e doutrina, e o padre ainda recomenda ir estudar história ao invés de ler o catecismo e os documentos da Igreja. Segundo ele, para podermos resgatar os valores cristãos e conservarmos a fé. Resgatar e conservar aquilo que mal conhecemos é difícil. Mais uma vez reitero que depende de onde e para quem eram essas palestras (especialmente a primeira). Já vi várias palestras do padre Paulo, e gosto muito dele.

Sem mais...

Abraços...
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Mensagem por pedrogontijo Qua 30 Mar - 14:05

Renan, valeu pelo comentário! Foi só um resumo do que lembro dos estudos
de política, não escrevi nada "acadêmico" e nunca pretendi escrever, ao
contrário da maioria dos apologetas do esquerdismo. Normalmente o
academicismo só serve para dar voltas e desdizer o óbvio.

Você disse muita coisa pertinente, verdadeira, que dispensa comentário. Só tenho dois comentários ao que você escreveu.

A idéia era essa mesmo, porém os próprios socialistas se perderam no
meio do caminho. Hoje vivemos à sombra de uma tentativa de implantar o
socialismo com a destruição da moral cristã. Porém, a sociedade
capitalista se aproveitou de uma iniciativa socialista, e percebeu que
vender depravações e todo o resto das tentativas de minar a nossa moral,
era muito lucrativo ao próprio capitalismo. Os pensadores e as
revoluções ficaram no meio do caminho, enquanto o dinheiro continua
imperando na vida de quase todo mundo. Ou seja, o tal "marxismo
cultural" foi um grande tiro no pé (senão na cabeça) do próprio
socialismo.

Para o socialismo, a moral cristã era (e
ainda é) vista como ideologia burguesa, logo a ser destruída para que a
ideologia socialista prevalecesse. Como disse antes, as coisas ficaram
bem mais complexas em quase dois séculos. O capitalismo tem a incrível
habilidade de se reinventar, e no pensamento esquerdista essa capacidade
existe, mas fica um pouco atrás. Então, o que podia ser interessante
aos capitalistas (burgueses) no séc. XIX, a moral cristã, já não é
interessante hoje. A amoralidade pareceu encontrar lugar no capitalismo,
e já não faz tanto sentido chamar a moral cristã de ideologia burguesa.

Mas existem duas interpretações para o que ocorreu. Uma foi a que você deu,
que no capitalismo encontraram uma forma de vender a imoralidade, e a
moral já não se importava. A outra parece mais com o que eu disse, que a
estratégia gramsciana deu certo e os "capitalistas" entenderam que a
moral cristã não é coisa boa e a dispensaram, cumprindo, sem saber, a
agenda da esquerda.

Não há como saber o que aconteceu de
verdade. O fato é que a amoralidade e a imoralidade imperam e o cristão é
posto automaticamente para confrontá-las. Isso leva ao meu segundo
comentário.

Porém, nas duas há uma vontade de ser reacionário. Reagir contra aquilo
que o mundo nos impõe é um pouco diferente de ser reacionário. Conservar
a moral cristã e resgatar os valores do Evangelho, não é fazer uma luta
social, filosófica ou política; é, na verdade, tomar a cruz a cada dia,
ser fiel no pouco, e multiplicar os talentos que o Senhor nos dá. Não
precisamos de cristãos revoltados, reacionários, radicais... precisamos
de católicos fiéis. (...) Que
o mundo nos chame de conservadores, mas que entre nós não seja assim,
quem quiser ser o primeiro que seja o último.

G.K. Chesterton disse mais ou menos o mesmo em Ortodoxia, porém com outra abordagem. Não me lembro das palavras exatas; mas disse que as pessoas não entendem o conservador porque não conseguem perceber que há um grande revolucionário dentro da ortodoxia. É a precisamente a ortodoxia, e não o revolucionário, que faz as pessoas pensarem, pois os ortodoxos é que são levados a confrontar a maneira pela qual os outros querem mudar o mundo -- maneira essa geralmente sem rumo, mesquinha e ideológica.

Afe, eu preciso reler esse livro... =)
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Mensagem por andrebisinoto Qua 30 Mar - 23:37

Paz!

Pedro,
valeu pela excelente aula! Estou terminando de ler Ortodoxia (excelente!) e o Chesterton fala isso mesmo. Eu fico intrigado como esse livro, de 1908, continua tão atual!

Renan,
eu discordo de você. Temos de ser fiéis no pouco, conservar os valores do Evangelho, etc. - é claro. Mas isso não significa que não possamos denunciar as falácias do mundo (independentemente se essa falácia é marxista ou capitalista). A gente não pode ficar calado enquanto a nossa cultura vai minando a nossa fé.
É claro que não podemos cair no mesmo erro dos marxistas de dizer que o mal é do "Sistema", porque "é de dentro do coração do homem que provêm as más inclinações". Mas os santos sempre combateram as heresias... "Não pode ter amor perfeito ao Bem aquele que não tem ódio perfeito ao mal".
Não estou dizendo, Renan, que você disse pra todo mundo cruzar os braços e nem quero ser reacionário. Mas acho que ter consciência do que está acontecendo no mundo está me conscientizando de muita coisa e eu percebo o quanto de mundo ainda está dentro de mim tbm.
Eu enxergo a luta do Padre Paulo como uma luta pela ortodoxia. E ele não se presta só a denunciar o mundo como ele tem um curso sobre Catecismo, um podcast sobre o Evangelho dominical... Basta olhar o site. Fora que ele é membro do Conselho Internacional de Catequese.

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Mensagem por Renan Qui 31 Mar - 15:15

Então André, parece até engraçado, mas concordo com você, apesar de você discordar de mim.
andrebisinoto escreveu:Não estou dizendo, Renan, que você disse pra todo mundo cruzar os braços e nem quero ser reacionário.


É disso que eu estou falando, quando eu disse que o que precisamos é de católicos fiéis e não de reacionários, não quero que fiquemos de braços cruzados. Pelo contrário, ser fiel exige de nós muito empenho. Ser fiel não é só rezar e ir à missa, é também ir em marcha na esplanada a favor da vida, discussões sobre homofobia no senado, lutar contra a depravação nas escolas, mostrar o seu posicionamento diante das eleições... enfim, tudo isso nada mais é do que demonstrar fidelidade àquilo que acreditamos. Agora, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Em todos esses exemplos que citei, temos também espíritas, protestantes, humanistas... mas nós lutamos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Toda honra e toda a glória a Deus que dignifica a raça humana diante de toda a criação.

Que a nossa cultura é marcada por um falso marxismo não nego, mas ao entender isso a nossa luta pela plenitude do homem não muda de foco, mas ajuda a reforçar as barreiras, já que conhecemos melhor a estratégia do inimigo. Quando critiquei um pouco a palestra do padre (perceba que eu disse que é uma boa palestra) é por não saber onde ela acontece, e também por não querer saber de Dias Gomes, Janete Clair e outros citados. Advertir os católicos sobre os autores é necessário, mas não difamar a pessoa por trás do autor. Por que digo isso? O padre Paulo faz uso da palavra 'marxista' praticamente como xingamento. Isso faz com que boa parte das pessoas que entendem e concordam com ele (concordo bastante com ele), façam o mesmo. Não apoiar, e até combater o marxismo cultural não me dá o direito de taxar as pessoas como inferiores a partir de chavões. Jesus chamou os fariseus de hipócritas, mas isso não nos dá o direito de sair chamando os padres ou qualquer outra pessoa de algo semelhante. Digo isso por detestar ser chamado de herege, marxista, alienado, radical... ou qualquer outra coisa que realmente não seja reflexo daquilo que acredito. Exortar é uma coisa, taxar é outra. Precisamos ter pessoas como João Batista, que gritam no deserto, e sei que o padre Paulo é desses, mas ao nos inflamarmos para lutar contra o mal, tenhamos mais amor que paixão. Sei que o padre Paulo faz muitas outras coisas pela Igreja, como o curso sobre Catecismo, e o podcast sobre o Evangelho dominical que você citou. Inclusive gosto muito dele (como já disse) principalmente falando da tradição e da liturgia. Não estou fazendo uma crítica a ele, mas a um certo exagero de ímpeto que ele cometeu contra os contribuidores da ideologia, não contra o mal gerado (isso foi parte do meu entendimento).

pedrogontijo escreveu:Não me lembro das palavras exatas; mas disse que as pessoas não entendem o conservador porque não conseguem perceber que há um grande revolucionário dentro da ortodoxia. É a precisamente a ortodoxia, e não o revolucionário, que faz as pessoas pensarem, pois os ortodoxos é que são levados a confrontar a maneira pela qual os outros querem mudar o mundo -- maneira essa geralmente sem rumo, mesquinha e ideológica.


Perfeito. Depois me empresta o livro André.

Obrigado, a reflexão aqui está muito boa. Desculpem-me qualquer coisa.

Abraços...
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Mensagem por andrebisinoto Sáb 2 Abr - 16:03

Renan escreveu:Por que digo isso? O padre Paulo faz uso da palavra 'marxista' praticamente como xingamento. Isso faz com que boa parte das pessoas que entendem e concordam com ele (concordo bastante com ele), façam o mesmo. Não apoiar, e até combater o marxismo cultural não me dá o direito de taxar as pessoas como inferiores a partir de chavões. Jesus chamou os fariseus de hipócritas, mas isso não nos dá o direito de sair chamando os padres ou qualquer outra pessoa de algo semelhante. Digo isso por detestar ser chamado de herege, marxista, alienado, radical... ou qualquer outra coisa que realmente não seja reflexo daquilo que acredito. Exortar é uma coisa, taxar é outra. Precisamos ter pessoas como João Batista, que gritam no deserto, e sei que o padre Paulo é desses, mas ao nos inflamarmos para lutar contra o mal, tenhamos mais amor que paixão. Sei que o padre Paulo faz muitas outras coisas pela Igreja, como o curso sobre Catecismo, e o podcast sobre o Evangelho dominical que você citou. Inclusive gosto muito dele (como já disse) principalmente falando da tradição e da liturgia. Não estou fazendo uma crítica a ele, mas a um certo exagero de ímpeto que ele cometeu contra os contribuidores da ideologia, não contra o mal gerado (isso foi parte do meu entendimento).[/font][/color]

Pois é, acho que não é bem assim... Claro que há pessoas que se ofendem com uma crítica. Mas nem todos se ofendem e nem com todas as ofensas a gente deve se preocupar.
O Dias Gomes, por exemplo, era assumidamente marxista. Não era nenhum xingamento chamar ele de uma coisa que ele mesmo assumia. Falando nele, eu achei essa parte da palestra muito interessante, pois essas ideias marxistas chegaram às nossas casas por meio das telenovelas, sem que a gente percebesse. Não é errado assistir televisão, mas quanto mais consciente das bobagens que ela transmite nós estivermos, melhor será.
Com as outras pessoas, acho que a gente deve seguir o conselho da exortação fraterna de Jesus (Mt 18,15). E se a pessoa não se arrepende do erro perante a Igreja,"seja ele para ti como um pagão e um publicano".
Mas, de toda forma, a gente deve ter como base a Verdade, sem medo de dizer o que acontece de fato. E isso não quer dizer que a gente é superior aos outros.
Não sei se fui claro...
Abraços

===

Deixa eu ressuscitar esse tópico:

O vídeo abaixo (e outros dois do mesmo canal) mostra o testemunho de um desertor soviético em 1983. Ele mostra como o os comunistas soviéticos se infiltraram nos EUA.



Abraços
André

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Mensagem por andrebisinoto Ter 12 Jul - 11:12

Paz!

Esta semana teve uma entrevista interessante a respeito nas páginas amarelas da Veja com o filósofo Luiz Felipe Pondé. Recomendo.

Outro texto interessante do Prof. Olavo de Carvalho (http://www.olavodecarvalho.org/semana/110627dc.html):

Estes princípios não são regras a ser seguidas na política prática. São um conjunto de critérios de reconhecimento para você distinguir, quando ouve um político, se está diante de um conservador, de um revolucionário ou de um “liberal”, no sentido brasileiro do termo hoje em dia (que é uma indecisa mistura dos dois anteriores).

1. Ninguém é dono do futuro. “O futuro pertence a nós” é um verso do hino da Juventude Hitlerista. É a essência da mentalidade revolucionária. Um conservador fala em nome da experiência passada acumulada no presente. O revolucionário fala em nome de um futuro hipotético cuja autoridade de tribunal de última instância ele acredita representar no presente, mesmo quando nada sabe desse futuro e não consegue descrevê-lo senão por meio de louvores genéricos a algo que ele não tem a menor idéia do que seja. Quando o ex-presidente Lula dizia “Não sabemos qual tipo de socialismo queremos”, ele presumia saber (1) que o socialismo é o futuro brilhante e inevitável da História, quando a experiência nos mostra que é na verdade um passado sangrento com um legado de mais de cem milhões de mortos; (2) que ele e seus cúmplices têm o direito de nos conduzir a uma repetição dessa experiência, sem outra garantia de que ela será menos mortífera do que a anterior exceto a promessa verbal saída da boca de alguém que, ao mesmo tempo, confessa não saber para onde nos leva. A mentalidade revolucionária é uma mistura de presunção psicótica e irresponsabilidade criminosa.

2. Cada geração tem o direito de escolher o que lhe convém. Isto implica que nenhuma geração tem o direito de comprometer as subseqüentes em escolhas drásticas cujos efeitos quase certamente maléficos não poderão ser revertidos jamais ou só poderão sê-lo mediante o sacrifício de muitas gerações. O povo tem, por definição, o direito de experimentar e de aprender com a experiência, mas, por isso mesmo, não tem o direito de usar seus filhos e netos como cobaias de experiências temerárias.

3. Nenhum governo tem o direito de fazer algo que o governo seguinte não possa desfazer. É um corolário incontornável do princípio anterior. As eleições periódicas não fariam o menor sentido se cada governo eleito não tivesse o direito e a possibilidade de corrigir os erros dos governos anteriores. A democracia é, portanto, essencialmente hostil a qualquer projeto de mudança profunda e irreversível da ordem social, por pior que esta seja em determinado momento. Nenhuma ordem social gerada pelo decurso dos séculos é tão ruim quanto uma nova ordem imposta por uma elite iluminada que se crê, sem razão, detentora do único futuro desejável. No curso dos três últimos séculos não houve um só experimento revolucionário que não resultasse em destruição, morticínio, guerras e miséria generalizada. Não se vê como os experimentos futuros possam ser diferentes.

4. Nenhuma proposta revolucionária é digna de ser debatida como alternativa respeitável num quadro político democrático. A revogabilidade das medidas de governo é um princípio incontornável da democracia, e toda proposta revolucionária, por definição, nega esse princípio pela base. É impossível colocar em prática qualquer proposta revolucionária sem a concentração do poder e sem a exclusão, ostensiva ou camuflada, de toda proposta alternativa. Não se pode discutir alternativas com base na proibição de alternativas.

5. A democracia é o oposto da política revolucionária. A democracia é o governo das tentativas experimentais, sempre revogáveis e de curto prazo. A proposta revolucionária é necessariamente irreversível e de longo prazo. A rigor, toda proposta revolucionária visa a transformar, não somente uma sociedade em particular, mas a Terra inteira e a própria natureza humana. É impossível discutir democraticamente com alguém que não respeita sequer a natureza do interlocutor, vendo nela somente a matéria provisória da humanidade futura. É estúpido acreditar que comunistas, socialistas, fascistas, eurasianos e tutti quanti possam integrar-se pacificamente na convivência democrática com facções políticas infinitamente menos ambiciosas. Será sempre a convivência democrática do lobo com o cordeiro.

6. A total erradicação da mentalidade revolucionária é a condição essencial para a sobrevivência da liberdade no mundo. A mentalidade revolucionária não é um traço permanente da natureza humana. Teve uma origem histórica – por volta do século XVIII – e terá quase certamente um fim. O período do seu apogeu, o século XX, foi o mais violento, o mais homicida de toda a História humana, superando, em número de vítimas inocentes, todas as guerras, epidemias, terremotos e catástrofes naturais de toda ordem observadas desde o início dos tempos. Não há exagero nenhum em dizer que a mentalidade revolucionária é o maior flagelo que já se abateu sobre a humanidade. É uma questão de números e não de opinião. Recusar-se a enxergar isso é ser um monstro de insensibilidade. Toda política que não se volte à completa erradicação da mentalidade revolucionária, da maneira mais candente e explícita possível, é uma desconversa criminosa e inaceitável, por mais que adorne sua omissão com belos pretextos democráticos, libertários, religiosos, moralísticos, igualitários, etc.

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